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sábado, 11 de dezembro de 2010

CAMINHADAS EM TRILHA


(Foto do trilheiro Moaci Judson-RN)

Tipos de caminhadas em Trilha

Caminhar é um ato natural que todo ser humano saudável tem capacidade de fazer. É o simples ato de se descolar sem a ajuda de instrumentos ou aparelhos. No entanto, quando se fala de caminhadas em trilhas é importante verificar vários aspectos que vão desde o grau de dificuldade do trajeto, o preparo físico do caminhante, o peso a ser carregado, a duração do percurso, até o equipamento necessário para garantir o conforto da atividade.

Não existe uma classificação universal sobre os tipos de caminhada em trilha. Cada região/país pode adotar uma diferente. Nos Estados Unidos, por exemplo, a classificação mais reconhecida entre os montanhistas é feita por classes, da seguinte forma: Classe 1 – caminhada curta em terreno plano, simples deslocamento; Classe 2 – trilha fácil, quase sem inclinação (hiking); Classe 3 – terreno acidentado, não exige material técnico, mas envolve aclives e declives; Classe 4 – caminhada com trecho de dificuldade técnica, onde eventualmente é necessário o uso de equipamento de segurança; classe 5 – escalada técnica, com uso obrigatório do equipamento de segurança. Eles chamam de trekking as caminhadas que tem duração de mais de um dia, exigindo pernoite e, conseqüentemente, uso de mochilas maiores. No entanto, seu grau de dificuldade pode ser variado.

Aqui no Brasil não há uma padronização. Uma busca pelo assunto vai nos levar a classificações feitas por estudiosos do tema, por agências de ecoturismo ou para uma orientação baseada na experiência e vivência de grupos excursionistas nacionais.

Pedro da Cunha Menezes, eu seu livro “Novas Trilhas do Rio”, classifica as trilhas segundo o grau de orientação (fácil; médio; difícil; muito difícil), segundo o preparo físico (fácil; exige preparo físico; cansativa; extenuante) e segundo o nível de dificuldade técnica (simples; com subidas e descidas; necessário uso de mãos em trechos perigosos ou expostos à altura; trechos muitos expostos, perigosos, bastante técnicos, onde é indispensável o uso de cordas). Esta conjugação de fatores vai exigir da pessoa menor ou maior experiência, e a necessidade ou não de um guia.

Já o especialista Waldir Joel, classifica as trilhas de uma forma mais acadêmica, levando em consideração a função (educativa, recreativa de curta ou longa distância, de interpretação), a forma (circular, oito, linear, atalho) e o grau de dificuldade. Ele alerta que esse tipo de classificação é bastante subjetivo, pois o grau de dificuldade varia de pessoa para pessoa, dependendo basicamente do condicionamento físico e peso da eventual bagagem (mochila) carregada.

Para facilitar a compreensão, vale a pena dar uma olhada nas categorias de caminhadas em trilha mais utilizadas pelos clubes excursionistas, que fazem um misto entre distância do percurso, características do relevo, necessidade ou não de acampar, sinalização, além do tempo de duração. Para cada tipo de trilha existem equipamentos adequados, com a função de tornar a atividade mais confortável e segura.

Vale lembrar, ainda, que apesar de serem muito utilizadas, estas categorias de caminhadas são bastante subjetivas e podem variar até mesmo entre os clubes. São elas:

Leve – Qualquer pessoa saudável pode fazer, mesmo sem preparo físico específico. São caminhadas simples, com duração de poucas horas (uma manhã, por exemplo). Não requer nenhuma experiência anterior. Como este tipo de caminhada não exige a necessidade de se carregar muita coisa, uma mochila de hidratação, como a Hidrat 7, ou uma mochila pequena de uso diário, como a Anaton 21, podem ser suficientes para o passeio. Um estojo de cintura grande (pochete) com local para colocar garrafa de água (Estojo Acqua, por exemplo) e um corta-vento de pequeno volume, como o Minuano, também são recomendáveis em passeios de curta duração.

Média – Exige alguma prática e preparo físico, pois a atividade terá algumas horas de duração (entre 5 e 8 horas, aproximadamente), em terreno que deve ter alguma inclinação. Envolve, em geral, subidas e descidas, onde, por vezes, é necessário usar as mãos. Não é recomendável para pessoas sedentárias. Se for necessário pernoitar na trilha, é recomendado (mas não exigido) experiência de camping. Em geral não será necessário carregar muito peso, mas é importante ter uma mochila de tamanho médio que caiba, pelo menos, lanche, anorak, lanterna, estojo de primeiros socorros e cantil. Um bom exemplo é a mochila Trekking, de 35 litros, da Trilhas & Rumos. Para proteção contra chuva e vento em caminhadas deste tipo, o Abrigo Anorak Storm é uma boa alternativa.

Semi-pesada – Deve levar pelo menos um dia inteiro de duração, em terreno acidentado e íngreme (subidas e descidas íngremes). Nesta atividade geralmente há trechos onde é necessário usar as mãos. Não é recomendável aos mais inexperientes. Requer condicionamento físico, pois as trilhas são longas, acidentadas e cansativas. Pode envolver, também, pernoite em trilha. Requer experiência básica em montanhismo: camping, caminhadas em climas adversos e manuseio de alguns equipamentos. Para caminhadas como esta é importante levar um bom abrigo de chuva, como o Abrigo Parkha. Além disso, é recomendável uma mochila mais técnica, como a Crampon Tech 48, que ofereça espaço e seja confortável para agüentar uma caminhada de longa duração.

Pesada – Deve ter um dia ou mais de duração, em terreno bastante íngreme. Exige experiência em montanhismo, para ser uma atividade agradável e não se tornar um sofrimento. Aqui se incluem atividades com uma ou mais pernoites, onde a pessoa deve ser capaz de desenvolver intensa atividade física durante muitos dias, em lugares de difícil acesso, e estar preparada para executar tarefas como cozinhar, montar barracas, etc. O uso de uma boa mochila cargueira pode oferecer ao caminhante dias mais agradáveis, sem dores na coluna, pois em geral se carrega muito peso. Caso seja necessário pernoitar, uma barraca leve como a Bivak Alumínio, um saco de dormir confortável e leve (Micro Pluma, por exemplo), além de um bom isolante térmico, como o Matratze, serão importantes.


É fundamental, além disso, levar em consideração outros aspectos que vão definir a graduação da atividade, como o desnível a ser percorrido, se ida e volta acontecem em um único dia (se haverá pernoite ou não), se há acompanhamento de um guia, se há dificuldade em orientação na trilha, se há carregadores, entre vários outros fatores. Por exemplo, uma caminhada pode ser pesada mesmo sendo feita em apenas um dia, bem como pode ser leve, sendo feita em vários dias de curta duração e em terrenos planos. E vice-versa. Tudo é muito variável.

Outras dicas são importantes na realização de uma trilha. Mantenha um ritmo adequado, nem rápido, nem muito devagar, e ainda assim saiba variar este ritmo ao longo do percurso, levando em conta as inclinações a serem ultrapassadas. Faça paradas de descanso, que podem ser mais curtas no início, e um pouco maiores no final do dia, quando o cansaço já está chegando. É recomendável, entretanto, não deixar a musculatura esfriar completamente por causa de paradas muito longas.

Acima de tudo, se informe bem antes de entrar numa trilha para saber se você está adequadamente preparado para ela.

Por Márcia Soares


Referências:

Texto “Manejo de trilhas”, de Waldir Joel de Andrade.
Livro “Novas Trilhas do Rio”, de Pedro da Cunha Menezes. Editora Sextante, 1998.
Livro “Montañismo. La libertad de las cimas”, de Don Graydon e Kurt Hanson. Ediciones Desnível (Madrid), 1998.