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sábado, 20 de novembro de 2010

A PRÁTICA DO TREKKING EM ALTA NO CEARÁ



A prática do trekking sempre esteve em alta. Talvez com outro nome, mas trilha e caminhada de aventura sempre fez parte do menu de opções de lazer dos amantes da natureza — e da saúde. O trekking une esporte, saúde, meio-ambiente, belezas naturais, fotografia, amizade, auto-conhecimento e meditação. Não é à toa que, com o avanço do ecoturismo, a caminhada em trilhas também se destaque.

Apesar de parecer uma prática inofensiva à primeira vista, o trekking oferece alguns riscos se não tomarmos os cuidados devidos. Ao deixar a cidade em direção a um parque ecológico ou chapada, precisamos respeitar o local por inteiro — seus habitantes, fauna e flora. Ainda, precisamos garantir que deixamos o local exatamente como encontramos, garantindo sua preservação.

Para garantir uma trilha saudável, prazerosa e permitir aos outros que venham depois desfrutar da mesma forma, há alguns cuidados essenciais que devemos tomar. A diversidade de tipos de trilhas — curtas, longas, um dia, vários dias — e ecossistemas é bastante grande e sempre devemos considerar as características específicas do local a ser visitado.

Ainda assim, há dicas básicas para trekking que se aplicam a qualquer local. Resolvi compilar estas informações gerais unindo dicas minhas, outras de amigos e também encontradas em alguns sites de ecoturismo.

Antes da trilha – Preparação

Informe-se. Procure a maior quantidade de informações possíveis sobre a trilha que irá fazer. Informações como distância total, trechos críticos e acessórios necessários são fundamentais. Se o percurso não pode ser completado em apenas um dia, qual a distância que deve ser percorrida diariamente? Se algo acontecer e não for possível chegar a um vilarejo para dormir, é possível acampar na trilha? Quais os riscos envolvidos? Há animais perigosos? Esse locais costumam ter, no mínimo, cobras, escorpiões e abelhas perigosas. Caso alguém seja atacado, onde procurar ajuda?
Nestes casos, e em qualquer outra situação da vida, informação nunca é demais.

Lembre-se que, uma vez na natureza, provavelmente não terá sinal de celular, internet e telefone público. Não se arrependa de não ter feito uma pesquisa básica no Google ou consultado uma agência de turismo local antecipadamente.
Equipe-se. Agora que já sabe o que o espera, leve os acessórios necessários. Seu grupo contratará um guia ou levarão um mapa? Talvez seja necessário um GPS. Vão acampar no mato? Levem panela para cozinhar, faca, garfo. O que deverá ser levado vai depender do tipo, tamanho e duração da trilha. Mas, na maioria das vezes, os itens abaixo devem ser levados:

•1 cantil – água é essencial para uma caminhada saudável. Normalmente os rios possuem água potável e, nestes casos, um litro é suficiente. Se for mais difícil encontrar água para beber no local, considere levar um de maior capacidade;
•panela, copo de alumínio, faca, garfo e colher – não precisa levar um por pessoa. A depender do tamanho do grupo, uma ou duas panelas podem ser compartilhadas por todos e são suficientes. Talheres são mais leves — um conjunto por pessoa é suficiente;
•velas, lanterna pequena e pilhas pequenas – no mato não tem poste nem luz elétrica e você fará sua iluminação;
•fósforos – servem para acender as velas, fazer fogo para cozinhar ou uma pequena fogueira para esquentar a noite;
•mapas, bússola e GPS – se contratar um guia, provavelmente não será necessário. Caso contrário, considere o GPS se couber no orçamento. Mapa e bússula, apesar de simples, podem salvar vidas;
•canivete – mil e uma utilidades, nunca se sabe quando serão úteis, mas sempre são;
•kit de costura – agulha e algumas linhas para consertar roupas, mochilas e tênis;
•kit de primeiros socorros e medicamentos – leve apenas o básico. Não adianta levar um kit cheio de coisas que ninguém sabe usar. Remédios para dor, alergia e picadas de mosquito devem ser suficientes;
•produtos de higiene pessoal – sabão neutro, xampu, papel higiênico, pasta e escova de dentes;
•objetos pessoais – máquina fotográfica, violão, papel, caneta. Variam de pessoa para pessoa, mas lembre-se que terá que carregá-los o tempo todo;
•sacos plásticos – colete todo o lixo que gerar. não deixe nada na trilha;
•mochila – dê preferência a mochilas específicas para trilhas;
•saco de dormir – será seu único conforto;
•barraca de camping pequena – prefira barracas pequenas para duas pessoas.
Estes são os acessórios que a maioria precisará. Alguns itens podem ser usados por todo o grupo, não sendo necessário levar um por pessoa. Lembre-se que terá que carregar tudo o tempo todo.

A depender da trilha e do grupo, isto pode significar até 8 horas de caminhada embaixo do sol, por terrenos irregulares. Não leve toalha, pois seca-se rapidamente ao sol (e, se estiver chovendo, vai se molhar de qualquer jeito). Evite ultrapassar 10Kg na mochila.
Vista-se. Assim como os equipamentos, não podemos abrir mão das roupas. Porém, leve o mínimo para reduzir o peso. Normalmente, uma roupa para o dia (lave-a no fim da caminhada diária) e uma para a noite é suficiente.

Procure usar um tênis específico para trekking. Nunca use tênis novos — use-os na cidade antes de levar para a trilha.

Alimente-se: Dê prioridade a alimentos que não precisam ser preparados. Queijo, frutas, ovos cozidos, mel, chocolate, rapadura, biscoitos e bolachas, cereais, amêndoas e nozes, leite em pó. Sanduíches podem ser consumidos no primeiro ou segundo dia (cuidado para não comer comida estragada, pois o resultado é muito ruim).

Estude: Além de conhecer os detalhes do local da trilha, também é importante conhecer todos os itens que está levando. Não faça como o padre. Se leva GPS, saiba usá-lo. Acostume-se a ler mapas e localizar-se com bússola. Conheça seu kit de primeiros socorros e aprenda a usá-lo. Conheça sua mochila, experimente diferentes formas de armazenas as coisas nela, otimizando o balanceamento do peso.

Durante a trilha – Caminhada:Ande calmamente. Isso é lazer e não competição. Procure andar calmamente, prestando atenção à paisagem, admirando a flora e fauna — e tomando cuidado para não se acidentar. Se procura uma corrida, inscreva-se no circuito de corrida de aventura ou paletada local.

Mantenha distância: Não ande muito próximo da pessoa à frente, nem deixe que andem muito próximo atrás de você. Caso algum sofra um acidente, dá tempo do outro evitar. Além disso, permite uma melhor apreciação das belezar naturais e evita chicotadas dos galhos e plantas.

Mantenha o silêncio: As pessoas que saem da cidade para fazer trekking no mato estão em busca de paz e tranquilidade. Respeite isto e deixe a agitação para quando estiver em casa. Isso não significa que não é permitido conversar — pelo contrário, é o momento ideal para interagir com amigos e novos conhecidos. Mas mantenha a calma e respeite o silêncio.

Descanse: Num grupo heterogêneo com mulheres, jovens, adultos, esportistas e sedentários, é comum alguns quererem apressar-se enquanto outros queiram descansar. Lembre-se novamente que isto não é uma competição. É interessante acertar os pontos de descanso anteriormente.

Não menospreze o protetor solar: Sempre leve protetor solar. Mesmo que a previsão seja de tempo nublado, leve o protetor. Muitas horas ao ar livre, mesmo que com nuvens, podem render boas queimaduras na pele sem filtro solar.
Nunca ande sozinho. Uma picada de cobra, pé torcido ou quebrado, queda ou qualquer outro acidente pode ser fatal caso esteja sozinho.

Pare no primeiro sinal de incômodos: Caso algo no tênis, mochila ou roupa lhe incomode, pare imediatamente e resolva o problema. Se não parar com receio de atrasar o grupo pode ser muito pior depois. O incômodo da bermuda pode se tornar numa assadura, a pedra no tênis pode virar uma ferida e o peso mal distribuído da mochila pode resultar em uma dor de coluna. Isso atrasará o grupo muito mais.

Mantenha os pés secos: Nunca molhe seus tênis. Ao atravessar rios e riachos, fique descalço e seque o pé antes de calçar novamente.
Preste atenção ao caminho. Mesmo que tenham um guia, preste atenção como se tivesse que fazer a volta sozinho. Isto aumenta sua segurança e permitirá um maior conhecimento do local e seus detalhes.

Em caso de acidentes, nada de pânico: O pânico não ajuda. Se alguém for picado por cobra ou escorpião, não faça torniquete nem corte o ferimento. Mantenha o membro afetado para cima para reduzir o fluxo sanguíneo e leve imediatamente para um posto de saúde. Se possível, leve o animal junto — vivo ou morto. Caso alguém caia, torça ou quebre algum osso, tente imobilizar da melhor forma e levar para o posto de saúde. Caso sejam atacados por abelhas, não há muito o que fazer — corram e procurem algum rio para se esconder.

Se ficar perdido, siga a trilha: Toda trilha leva a algum lugar. Se se perdeu, siga a primeira trilha que encontrar. Se não encontrar trilha, siga o rio, pois muitas vezes há povoados nas margens. Evite caminhar à noite.

Durante a trilha – Higiene:Não use produtos químicos. Esta regra vale para lavar a roupa, tomar banho, escovar os dentes e lavar acessórios. Use sempre sabão neutro. Se quiser usar xampu e sabonete, leve um pouco de água para longe do rio onde ela não escorra de volta.

Faça necessidades fisiológicas longe dos rios e trilha: Vá para um local afastado do rio e trilha, onde haja areia ou pedras para cobrir os dejetos. Queime o papel higiênico usado com os fósforos e garanta que o fogo já se apagou antes de ir embora para não criar um incêndio.
Se você pode beber água dos rios é porque outras pessoas respeitam essas duas regras.

Durante a trilha – Acampamento:Escolha um lugar plano e macio. O conforto na trilha é mínimo, portanto escolha um local plano e com areias ou folhas para montar o acampamento. Isto pode melhorar muito a qualidade do sono.

Evite as margens dos rios: Caso chova muito na cabeceira do rio, se nível pode subir muito rapidamente. Isto é extremamente perigoso para quem está às suas margens. Acampe próximo deles, mas não na margem.

Não destrua nada: Não corte árvores nem cave a terra. Use o mínimo de madeira necessário para fazer fogueira. Lembre-se que outros animais moram ali e outras pessoas passarão depois de você.

De volta à cidade:Se todos seguirem estas dicas, as chances de voltar para casa bem serão altíssimas. As trilhas e belezas naturais serão preservadas e estarão disponíveis para outras pessoas — ou um possível retorno.

Já diz o clichê das trilhas: “Não tire nada além de fotos. Não deixe nada além de pegadas. Não mate nada além de tempo.” Acrescento a ele saudade e muito vontade de voltar.

Você tem experiência com trilhas? Quais são suas dicas para uma caminhada saudável, segura e que deixe boas lembranças?