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sábado, 24 de julho de 2010

Dicas do Clube Calangos: Trilhas e camping de Ipu

Locais onde muitas pessoas praticam esportes de natureza, como caminhadas e montanhismo, o meio ambiente precisa ser tratado com muito cuidado e respeito. O equilíbrio ecológico depende do bom estado de sua conservação, dependendo portanto, do bom comportamento dos visitantes.
A necessidade de se difundir a ética e as práticas de mínimo impacto tem sido cada vez maior, uma vez que o aumento crescente de visitantes ao ambiente natural tem sido observado nos últimos tempos.

Você pode minimizar o impacto ambiental adotando algumas práticas e hábitos simples que ajudam a proteger o meio ambiente e dão mais prazer à sua visita e à dos próximos visitantes.
Apresentamos aqui um conjunto de princípios e práticas para o mínimo impacto adequado à realidade brasileira, buscando uma mudança de atitude dos cidadãos em relação ao uso público em áreas naturais e em unidades de conservação. Os oito princípios, baseados na publicação da Leave no Trace, foram elaborados pelo CEU (Centro Excursionista Universitário) junto com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e estão publicados no website da ONG Pega Leve!

Planejamento é fundamental

- Entre em contato prévio com a administração da área que você vai visitar para tomar conhecimento dos regulamentos e restrições existentes.

- Informe-se sobre as condições climáticas do local e consulte a previsão do tempo antes de qualquer atividade em ambientes naturais.

- Viaje em grupos pequenos de até 10 pessoas. Grupos menores se harmonizam melhor com a natureza e causam menos impacto.

- Evite viajar para áreas populares durante feriados e férias, contribuindo para a dispersão do fluxo turístico, minimizando seus efeitos negativos.

- Certifique-se de que você possui uma forma de acondicionar seu lixo em sacos plásticos para trazê-lo de volta. Aprenda a diminuir a quantidade de lixo, deixando em casa as embalagens desnecessárias.

- Escolha as atividades que você vai realizar na sua visita conforme o seu condicionamento físico e seu nível de experiência.
As áreas naturais protegidas no Brasil são administradas por instituições federais (IBAMA), estaduais (por exemplo, o Instituto Florestal no Estado de São Paulo) ou municipais (Secretarias Municipais do Meio Ambiente) que são responsáveis por algumas unidades de conservação como os Parques Nacionais ou Estaduais, locais muito procurados por ecoturistas e excursionistas em geral. Também existem locais que não estão sob a responsabilidade direta do poder público, como as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN's) e outras áreas naturais de propriedade privada.
Devido às particularidades de cada lugar, os regulamentos variam e por isso você deve procurar antecipadamente informações como os dias abertos à visitação, a necessidade de autorização prévia para percorrer trilhas, para acampar, ou para outras atividades. Essa atitude deve ser adotada para qualquer área natural, mesmo que não seja uma unidade de conservação, como um parque nacional ou estadual.
Embora muitas vezes não seja fácil obter essas informações, você deve persistir, pois quanto mais visitantes perguntarem por informações, mais estas estarão disponíveis. Procure os escritórios locais das instituições governamentais responsáveis para obter informações oficiais. Outras boas fontes são as publicações especializadas (guias e revistas), websites, clubes excursionistas, lojas de equipamentos, ONG's e guias locais.

Sempre que você utilizar os serviços de uma agência de ecoturismo, de guias ou meios de hospedagem, certifique-se que eles adotam técnicas e práticas de mínimo impacto. Procure também utilizar a infra-estrutura e os serviços locais, prestigiando a comunidade e colaborando para fortalecer o turismo de base local.

Estar preparado para as condições específicas de clima, como as variações de temperatura em cada local, é fundamental para que você aproveite ao máximo sua visita, diminua seu impacto no ambiente e também o risco inerente às atividades ao ar livre.

Estude antecipadamente as características climáticas do local que você vai visitar (como os meses em que faz mais frio, os que recebem mais chuva, ou os períodos de estiagem, quando a falta de água pode ser um problema) e prepare-se levando os equipamentos adequados para cada situação. Caso sua atividade inclua acampamentos, um bom isolante térmico para forrar o chão de sua barraca não pode ser esquecido, seja no frio ou no calor. Tenha certeza de que você possui roupas e agasalhos adequados para o clima e um bom saco de dormir, se sua viagem tiver como destino regiões frias ou altas.

Procure evitar as épocas chuvosas, quando a ocorrência de lama nas trilhas e áreas de acampamento é maior, aumentando a probabilidade de impactos no solo e na vegetação.

Planeje e organize sua visita sempre em grupos pequenos, pois tudo fica mais fácil, principalmente praticar o mínimo impacto. Grupos pequenos são mais silenciosos, mais fáceis de administrar e acomodar. A experiência mostra que o ideal são grupos de até 10 pessoas.

Caso o seu grupo exceda essa recomendação, organize-o com um número maior de responsáveis ou guias com boa experiência e conhecimento do local, de forma a poder dividir o grupo durante a caminhada, acampar em áreas diferentes, além de manter uma boa supervisão durante todo o tempo.

Grupos grandes devem evitar as áreas mais primitivas, procurando restringir suas atividades a locais que ofereçam infra-estrutura de uso intensivo como banheiros, lixeiras, acesso facilitado e alguma estrutura de hospedagem, como abrigos ou áreas de acampamento organizadas.

As férias e feriados prolongados são os períodos mais procurados pelos visitantes de áreas naturais. Conseqüentemente, engarrafamentos, acampamentos lotados, trilhas cheias, água contaminada, pessoas perdidas e conflitos são freqüentes nesses dias. Para ter uma experiência mais enriquecedora e agradável e evitar impactos na natureza, aos outros visitantes e aos moradores locais, procure organizar sua visita em dias de semana e nos meses menos procurados.

Caso você só tenha o feriado ou o período de férias escolares para viajar, uma boa alternativa é procurar locais menos visitados e populares.

O planejamento e a preparação são fundamentais para diminuir a quantidade de embalagens desnecessárias levadas ao campo e assim reduzir a quantidade de lixo.
Tenha sempre à mão sacos apropriados para acondicionar o lixo. Na maioria das vezes, os visitantes terminam sua viagem em pequenas localidades que têm muita dificuldade em manejar o lixo. Assim, esforce-se para levar o lixo que você mesmo produziu, ou aquele que coletou pelo caminho, para um local que tenha coleta organizada e que encaminhe os resíduos para a reciclagem ou para um aterro sanitário apropriado.
Caso você use embalagens de plástico de boa qualidade tente conservá-las para usar novamente em suas próximas viagens. Reutilizar e reciclar faz parte da ética de mínimo impacto.

As atividades que você e seu grupo planejam realizar devem ser compatíveis com a sua experiência anterior, com as técnicas que você domina, com os equipamentos que você possui e com o seu condicionamento físico. Realizando atividades dentro dos seus limites você poderá aproveitar melhor a sua visita e minimizar os impactos na natureza. Caso você tenha dúvidas sobre o nível de dificuldade de uma determinada atividade, procure informações confiáveis em clubes excursionistas, revistas especializadas ou instituições responsáveis pela administração da área.

O planejamento de uma caminhada está condicionado a diversos fatores, entre eles o número de dias que se pretende passar em campo e o tipo de ambiente visitado.

Planejar o percurso que será percorrido a cada dia é importante para reservar energia suficiente, de modo a estar disposto a levar em consideração as práticas de mínimo impacto, quando você montar acampamento, por exemplo. A fadiga e a falta de luz não devem pegar você e seu grupo despreparados ao final do dia, pois não são desculpas para negligenciar as práticas de mínimo impacto.

Você deve planejar com cuidado o que vai carregar em sua mochila, pois isso significa peso nas suas costas. Sabendo o número de dias que se pretende passar em campo e o tipo de ambiente pode-se definir o tipo de mochila a ser usada (cargueira ou de ataque), calcular a quantidade e o tipo de comida, a necessidade de carregar saco de dormir e isolante, a quantidade de água a levar etc. Para todos os casos (mesmo para as caminhadas de um dia) é muito útil elaborar cuidadosamente uma lista de itens que não podem ser esquecidos. Essa lista servirá sempre como base para qualquer caminhada que você faça.

O planejamento adequado torna sua viagem divertida e confortável, leva você a alcançar seus objetivos e a ter suas expectativas correspondidas, ao mesmo tempo em que ajuda a minimização dos impactos nos recursos naturais. O planejamento também ajuda a evitar situações inesperadas que podem estressar você, colocá-lo sob risco de acidentes e causar danos ao meio ambiente.



1) Planejamento é fundamental

2) Cuide dos locais por onde passa, das trilhas e dos acampamentos

3) Deixe cada coisa em seu lugar

4) Respeite os animais e as plantas

5) Traga seu lixo de volta

6) Evite fazer fogueira

7) Você é responsável por sua segurança

8) Seja cortês com outros visitantes e com a população local


Fonte: Pega Leve, MMA e CEU

Cuide dos locais por onde passa

-Mantenha-se nas trilhas pré-determinadas - não use atalhos, pois estes favorecem a erosão e a destruição da vegetação.

Mantenha-se na trilha mesmo se ela estiver molhada, lamacenta ou escorregadia. A dificuldade das trilhas faz parte do desafio de vivenciar a natureza. Se você contorna a parte danificada de uma trilha, o estrago se tornará maior no futuro.

Ao montar o seu acampamento, evite áreas frágeis que levarão um longo tempo para se recuperar após o impacto. Acampe somente em locais pré-estabelecidos, quando existirem. Em qualquer situação, acampe a pelo menos 60 metros da água.

Não cave valetas ao redor das barracas, escolha melhor o local, de modo que a água escorra naturalmente e use um plástico sob a barraca.

Bons locais de acampamento são encontrados, não construídos. Não corte nem arranque a vegetação, nem remova pedras ao acampar.

Remova todas as evidências de sua passagem. Ao percorrer uma trilha ou ao sair de uma área de acampamento certifique-se que esses locais permaneceram como se ninguém houvesse passado por ali.

Proteja o patrimônio natural e cultural dos locais visitados. Respeite as normas existentes e denuncie as agressões observadas.

Procure sempre seguir as trilhas abertas e bem marcadas. Essa é a melhor atitude para você não se perder e chegar ao seu destino da melhor maneira, causando menos impacto. Além de ser o caminho mais fácil, trilhas bem projetadas são planejadas para levar você aos lugares mais interessantes.

As trilhas nem sempre são o caminho mais curto para tornar a caminhada menos cansativa e ajudar a evitar a erosão, principalmente em terrenos muito inclinados. Uma trilha aberta no sentido da inclinação acaba se tornando o caminho das águas das chuvas, que descerão com força, provocando rápida e profunda erosão. Assim, quando alguém economiza algumas centenas de metros de trilha tomando ou abrindo um atalho está contribuindo para a alteração definitiva daquela área, com a poluição das águas e até com o aumento das enchentes no fundo do vale. Os atalhos e trilhas improvisadas colaboram para o corte ou esmagamento de muitas plantas, por meio do pisoteamento das raízes, principalmente em áreas com vegetação mais densa. Além disso, o risco de acidentes aumenta muito nesses caminhos improvisados e íngremes.

Visitantes que saem das trilhas também podem molestar os animais que não estão familiarizados com a presença humana, destruir ninhos e tocas, muitas vezes involuntariamente.

Por tudo isso, evite abrir novas trilhas, mesmo porque essa é uma atividade técnica que não combina com sua viagem de caráter esportivo ou de lazer.

* Os lamaçais são formados geralmente em trechos da trilha onde a água não tem para onde escorrer. As seguidas tentativas de passar ao lado para evitar a lama contribuem para danificar as áreas que ainda não foram afetadas e também pode matar a vegetação. Em pouco tempo a trilha estará muito larga e igualmente lamacenta. Os trechos com lama também podem estar em áreas de nascentes. Esses locais são frágeis e representam mais um motivo para não sairmos da trilha.
Avise os responsáveis pela área sobre as más condições da trilha, para que estes possam realizar ações adequadas à sua recuperação.

Em épocas de muita chuva as trilhas tornam-se lamacentas e muito mais sujeitas à erosão. A vegetação também sofre por receber um pisoteamento extra quando, por força de um reflexo bastante natural, mas com conseqüências danosas, tentamos evitar os piores trechos, caminhando à margem das trilhas estabelecidas. Os locais de acampamento também sofrem pelos mesmos motivos. Por isso, é melhor programar suas saídas para a época de seca.

* Selecionar um local adequado para acampamento é uma das principais decisões para causar o mínimo impacto e requer bom discernimento.
Em muitos locais existem áreas pré-estabelecidas para acampar. Esses locais são escolhidos e preparados para conter os impactos e poupar as áreas ao redor. Procure sempre utilizar locais que tenham o tamanho adequado para acomodar as barracas de seu grupo sem avançar sobre a vegetação. Caso todas as barracas não caibam no mesmo local, procure distribui-las em locais próximos.

Na falta de locais pré-determinados procure as áreas com sinais de acampamentos anteriores, como solo compactado, ausência de cobertura vegetal ou vegetação cortada, evitando abrir novas áreas. Em locais de mais fácil acesso e, portanto, mais populares, concentre o uso nas áreas mais degradadas.

Acampar em uma área intocada deve ser sua última opção e os cuidados com a conservação da vegetação e das demais características do local deverão ser redobrados. Neste caso, disperse as barracas e as atividades do seu grupo pela área, evitando definir caminhos. Preste atenção ao local que você vai definir como cozinha, pois será uma área de concentração de pessoas.

Não acampe onde há sinais evidentes de uso do local pela fauna silvestre, como ninhais, dormitórios de pássaros e áreas de alimentação de animais.

Evite áreas de acampamento onde o impacto esteja apenas começando, permitindo que essas áreas se recuperarem. A maioria dos ambientes consegue se recuperar rapidamente após pouco uso, mas se as pessoas insistirem no uso, a degradação virá rapidamente.

Procure utilizar locais onde os solos sejam arenosos ou duros, porque solos úmidos e macios são mais propensos a sofrerem os impactos de um acampamento. Os terrenos úmidos também devem ser evitados devido à rápida formação de lama nos locais mais transitados. Procure acampar sobre rochas planas, sempre que disponíveis. Essa é uma boa solução, desde que não exista vegetação crescendo sobre elas. Evite a proximidade de barrancos que poderão desmoronar quando o acampamento for montado ou em conseqüência do pisoteamento de suas bordas.

Montando seu acampamento a uma distância de cerca de 60 metros das fontes de água você evita causar impactos na vegetação que protege as margens dos rios e ajuda a manter a boa qualidade da água e da paisagem. No caso das nascentes, a remoção ou alteração da vegetação, assim como a compactação ou o revolvimento do solo podem causar a alteração da qualidade ou até mesmo o esgotamento da fonte de água. Procure acampar sempre abaixo das nascentes.

Um acampamento distante da água também apresenta menor possibilidade de perturbar os animais que utilizam os rios e riachos como fonte de água. Fique atento para não acampar próximo às trilhas de animais, principalmente aquelas que levam até a água.

Em regiões sujeitas a enchentes rápidas e catastróficas, conhecidas como "cabeças d'água", comuns no sopé de serras e cânions, a distância do acampamento em relação aos rios é um fator de segurança. Mesmo que não seja esse o caso, é prudente manter a sua barraca afastada da água para evitar surpresas com enchentes súbitas, principalmente no período mais chuvoso.

* O hábito de cavar valetas (conhecidas também por canaletas) ao redor das barracas é antigo, do tempo em que as barracas não possuíam fundo e, portanto, manter o chão seco era uma necessidade. Hoje, as boas barracas possuem chão de material impermeável, dispensando as valetas.

Cavar uma valeta quase sempre resulta no início de um processo rápido de erosão, causando danos às boas áreas de acampamento. As valetas também são uma marca de difícil eliminação, representando alterações à paisagem natural.

* Procure por um local adequado para acampamento enquanto houver luz, de modo que você possa ser seletivo. Locais planos ou levemente côncavos parecem perfeitos para montar barracas, porém freqüentemente acumulam água. Superfícies levemente inclinadas ou convexas permitem o rápido escoamento das águas das chuvas, tornando desnecessário o cansativo e inútil trabalho de abertura de valetas.

Um plástico que separe a barraca do solo ajuda a protegê-la contra pequenos furos, mantendo o interior seco. Se o plástico for bem colocado, pode conter os pequenos fluxos de água que eventualmente chegarem até a barraca montada em local adequado.

A entrada da barraca costuma ser um local de pisoteio mais intenso. Colocar um plástico neste local ajuda a evitar danos ao solo, além de fornecer um local limpo para tirar e por as botas.

Evite remover a vegetação, a camada de folhas mortas, as pedras e os troncos caídos do local em que vai armar a sua barraca. Se você remover esses objetos que são habitat para inúmeros seres vivos, estará perturbando a ordem natural desses organismos. A escolha de barracas pequenas, para duas ou três pessoas, facilita encontrar um local adequado para seu acampamento, encaixando sua barraca entre pedras, troncos e outras plantas e evitando a alteração das características da cobertura do solo naquele local.

Se for absolutamente necessário remover pequenas pedras e troncos caídos, procure recolocá-los na mesma posição após desarmar a sua barraca.

Praias marinhas e fluviais costumam oferecer bons locais de acampamento sobre a areia, porém cuidados adicionais de segurança deverão ser adotados, como observar a variação das marés e a possibilidade de enchentes.

* Não deixe a barraca montada por muitas noites no mesmo local, pois quanto menor for a permanência do acampamento menor será o impacto. Ao abandonar a área, certifique-se que não deixou nada, especialmente restos de comida, papéis, plásticos e marcas no solo. Também não esqueça cordas e cordins amarrados nas árvores, e procure deixar o local do jeito que você encontrou, ou até melhor, recolhendo o lixo eventualmente deixado por outras pessoas.


1) Planejamento é fundamental

2) Cuide dos locais por onde passa, das trilhas e dos acampamentos

3) Deixe cada coisa em seu lugar

4) Respeite os animais e as plantas

5) Traga seu lixo de volta

6) Evite fazer fogueira

7) Você é responsável por sua segurança

8) Seja cortês com outros visitantes e com a população local


Fonte: Pega Leve, MMA e CEU

Prevenindo acidentes com animais peçonhentos nas trilhas

Herbert Serafim 1, 2 e Susan Ienne 3

1 Departamento de Botânica, Instituto de Biociências, USP

2 Laboratório de Herpetologia, Instituto Butantan

3 Departamento de Parasitologia, Instituto de Ciências Biomédicas, USP

Animais peçonhentos são aqueles que possuem veneno, capacidade de inoculá-lo e causam acidentes de importância médica. Os principais animais peçonhentos terrestres são as cobras, aranhas, escorpiões, abelhas, vespas, marimbondos, formigas e taturanas.

Apesar de as cobras serem as mais temidas deste grupo, sem dúvida as abelhas e taturanas são os animais que mais causam acidentes quando estamos nos passeios e trilhas na Natureza. Quanto às cobras, em especial, aproximadamente 80% das espécies do Brasil não são peçonhentas, não oferecendo maiores riscos ao homem. No Brasil, são registrados mais de 20.000 acidentes por serpentes por ano. As jararacas, grupo que inclui o jararacuçu, a jararaca e os urutus, representam 89% dos acidentes; as cascavéis representam 8%; as surucucus 1,5%, e as corais verdadeiras apenas 0,5%. Cerca de 19% dos acidentes atingem as mãos e antebraços e 80% ocorrem abaixo dos joelhos.

As vítimas mais comuns de acidentes por animais peçonhentos terrestres são os trabalhadores rurais, que muitas vezes não utilizam equipamentos de proteção durante o trabalho no campo. Porém, nós mochileiros ou andarilhos, que amamos o contato com a Natureza, mesmo que seja só nos feriados, também estamos sujeitos a estes acidentes e temos que ter certos cuidados.

As principais medidas para evitar os acidentes com estes animais são:

1. Uso de botas (evita 80% dos acidentes ofídicos) e sapatos (evita 50%);

2. Utilizar luvas de raspa de couro em trabalhos com lenha e outros materiais empilhados;

3. Realizar a limpeza das áreas ao redor da barraca e acampamentos, para evitar a aproximação de ratos e insetos, que por sua vez atrairão cobras e aranhas respectivamente;

4. Colocar o lixo em sacos plásticos, que devem ser mantidos fechados para não atrair ratos;

5. Manter fechadas as mochilas e barracas, para evitar surpresas desagradáveis;

6. Ter cuidado ao mexer em buracos, ocos de troncos e na vegetação fechada;

7. Evitar o uso de óculos escuros em caminhadas, principalmente nas matas, uma vez que os óculos reduzem nossa sensibilidade às cores chamativas que certos animais peçonhentos apresentam;

8. Não segurar serpentes, aranhas ou taturanas, mesmo quando mortas, pois há risco de envenenamento.

9. Não usar rádio ou walkman nas caminhadas, pois o som destes equipamentos impede que você ouça sons de advertência, como zumbidos de abelhas.

10. Evitar o uso de repelentes e desodorantes, principalmente aqueles que exalam odores mais fortes que certamente irão irritar abelhas e outros insetos.

11. Tenha cuidado com o lugar onde pisa e onde coloca as mãos para apoio.

12. Trajar calça comprida nas caminhadas, principalmente nas matas.

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